O que deseduca é educativo. Repito: o que deseduca é educativo. Vais perguntar: mas como assim? E eu tentarei explicar. Vamos lá.
Antes de tudo, o que é deseducar? Bem, todo discurso que ensina e estabelece uma ordem de valores e comportamentos contrários aos ideais éticos da instituição escolar democrática é um agente de deseducação. Deseduca tudo aquilo que prega o preconceito. Ou a vaidade vã. Ou o individualismo exacerbado. O desprezo pela dor alheia. O apego à esperteza. A ambição cega. Ligue a TV num dos canais comerciais e verás exemplos e mais exemplos de discursos que deseducam. O barateamento e a banalização do sexo e da violência constituem, como todos dizem, um dos principais factores de deseducação no mundo contemporâneo. Chamamos, portanto, de deseducador aquele discurso que ensina algum tipo de vício moral ou que estimula a fraqueza de carácter.
E, no entanto, isto também educa. Aqui é que está o paradoxo deste artigo. Esta televisão que deseduca também educa. Em que sentido? Aqui é preciso ter em mente o significado da palavra educar. Na opinião de muitos estudiosos, a origem etimológica da palavra educar está na junção de ex (que quer dizer "fora", em latim) com ducere ("levar", "conduzir"), ou seja, educar seria "conduzir para fora", "levar para o mundo" ou, numa adaptação mais livre, preparar para o mundo. Segundo essa perspectiva, bastante aceite, educar é um verbo que não supõe um objectivo moral nem se confunde com a formação do carácter na direcção da virtude. Assim, o verbo educar não teria conotação moral. Educar seria conduzir para o mundo.
Conclusão: tudo aquilo que conduz ao mundo, preparando o sujeito, segundo suas próprias aptidões e talentos para o mundo, educa. Ora, se isso é verdade, também é verdade que a educação hoje se dá dentro e fora das escolas. E, muitas vezes, contra as mais elevadas utopias educacionais. Portanto entenderemos que a televisão, mesmo quando deseduca (no campo moral), exerce uma função educativa (independentemente do que se entenda por moral). Isto porque a televisão conduz o telespectador ao mundo, sejam bons ou sejam maus os valores morais que ela difunde.
O problema é que o mundo para o qual a televisão comercial prepara o telespectador não é o mundo do trabalho, nem o mundo da solidariedade, nem o mundo da participação política, mas o mundo do consumo e dos prazeres típicos do consumismo. A televisão educa para o consumo. Na vida das crianças, isto é no mínimo preocupante. As crianças não são iniciadas na socialização, para além dos limites dos laços familiares, pelos professores convencionais. Seu contacto com temas e com ambientes públicos já não têm lugar na escola. Tem lugar diante da televisão.
A televisão praticamente monopoliza a apresentação da criança para o mundo (do consumo) e vice-versa. Ela inicia o público infantil na socialização. Quando completa 7 anos e entra pela primeira vez numa sala de aula, a criança já chega mais ou menos socializada (pela cultura do consumo), mais ou menos educada (pelo consumo) e, pior, mais ou menos vacinada contra a educação que procura cultivar os valores éticos próprios de um projecto de democracia e de cidadania. A TV comercial é a nossa grande TV educativa. É pouco, muito pouco, o que o professor ainda pode fazer.
Antes de tudo, o que é deseducar? Bem, todo discurso que ensina e estabelece uma ordem de valores e comportamentos contrários aos ideais éticos da instituição escolar democrática é um agente de deseducação. Deseduca tudo aquilo que prega o preconceito. Ou a vaidade vã. Ou o individualismo exacerbado. O desprezo pela dor alheia. O apego à esperteza. A ambição cega. Ligue a TV num dos canais comerciais e verás exemplos e mais exemplos de discursos que deseducam. O barateamento e a banalização do sexo e da violência constituem, como todos dizem, um dos principais factores de deseducação no mundo contemporâneo. Chamamos, portanto, de deseducador aquele discurso que ensina algum tipo de vício moral ou que estimula a fraqueza de carácter.
E, no entanto, isto também educa. Aqui é que está o paradoxo deste artigo. Esta televisão que deseduca também educa. Em que sentido? Aqui é preciso ter em mente o significado da palavra educar. Na opinião de muitos estudiosos, a origem etimológica da palavra educar está na junção de ex (que quer dizer "fora", em latim) com ducere ("levar", "conduzir"), ou seja, educar seria "conduzir para fora", "levar para o mundo" ou, numa adaptação mais livre, preparar para o mundo. Segundo essa perspectiva, bastante aceite, educar é um verbo que não supõe um objectivo moral nem se confunde com a formação do carácter na direcção da virtude. Assim, o verbo educar não teria conotação moral. Educar seria conduzir para o mundo.
Conclusão: tudo aquilo que conduz ao mundo, preparando o sujeito, segundo suas próprias aptidões e talentos para o mundo, educa. Ora, se isso é verdade, também é verdade que a educação hoje se dá dentro e fora das escolas. E, muitas vezes, contra as mais elevadas utopias educacionais. Portanto entenderemos que a televisão, mesmo quando deseduca (no campo moral), exerce uma função educativa (independentemente do que se entenda por moral). Isto porque a televisão conduz o telespectador ao mundo, sejam bons ou sejam maus os valores morais que ela difunde.
O problema é que o mundo para o qual a televisão comercial prepara o telespectador não é o mundo do trabalho, nem o mundo da solidariedade, nem o mundo da participação política, mas o mundo do consumo e dos prazeres típicos do consumismo. A televisão educa para o consumo. Na vida das crianças, isto é no mínimo preocupante. As crianças não são iniciadas na socialização, para além dos limites dos laços familiares, pelos professores convencionais. Seu contacto com temas e com ambientes públicos já não têm lugar na escola. Tem lugar diante da televisão.
A televisão praticamente monopoliza a apresentação da criança para o mundo (do consumo) e vice-versa. Ela inicia o público infantil na socialização. Quando completa 7 anos e entra pela primeira vez numa sala de aula, a criança já chega mais ou menos socializada (pela cultura do consumo), mais ou menos educada (pelo consumo) e, pior, mais ou menos vacinada contra a educação que procura cultivar os valores éticos próprios de um projecto de democracia e de cidadania. A TV comercial é a nossa grande TV educativa. É pouco, muito pouco, o que o professor ainda pode fazer.
(Fonte: aqui)
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Nada mais verdadeiro... numa sociedade que cada vez mais é influenciada pelas caixas electrónicas... a televisão, a radio, os video jogos, a internet, etc. tem um grande poder sobre todos nós hoje em dia e é pena não se dar o devido valor a esses meios de inf/formação de forma a moldá-los adequando-os a aquilo que realmente se tem falta, fazendo um entretimento que constrói valor pessoal e social...
blá blá... blá blá... só conversas de quem já n consegue largar o vício dessas caixas de entretenomento... hehe
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